Quarentena

     Se eu não errei nas contas, este é o 41º dia oficial da quarentena do Covid 19. Lembro que vibrei como criança, na terça-feira, dia 17 de março, porque fomos avisados neste dia que a quarentena começaria dia 19 de março. Como, pelo horário deste ano, não tenho aulas na quarta-feira, isso significava que eu teria aula até às dez, naquela noite de terça, e não teria mais aulas até segunda ordem do governo do estado.

   Foram férias tão cansativas, e foram também tão frustradas e curtas, que minha sensação, perto do Carnaval, era de estar trabalhando sem parar há mais de dois anos. E na verdade foi assim mesmo, porque, mesmo tendo tido férias curtas e períodos de transição entre prefeitura de Araquari e Estado de Santa Catarina, há dois anos eu não tinha férias, e, quando as tive, elas vieram acompanhadas de problemas e frustrações, assim, comecei o ano com grande resistência e sentimento de resignação.

      Sim, esta postagem é pra ser desabafo, porque ninguém acompanha este blog, não me preocupo sequer com estar me comunicando com alguém. É só pra continuar com esse vício de me expor e de desabafar. Simples, desse jeito.

     Mas, continuando, eu senti tanta alegria, me senti exultante, mesmo, por poder vir pra casa mais cedo naquela terça-feira, já que os alunos quase em peso, no turno da noite, faltaram à aula. Nosso trabalho de conscientização, na segunda-feira, foi tão eficaz que mesmo durante o dia os alunos já não tinham vindo.

     Uma colega me trouxe de carona e isso me fez chegar mais cedo ainda, acho que umas oito e meia da noite. Na quarta-feira, de manhã bem cedo, peguei a bicicleta e fui ao mercado, ainda sem acreditar na minha felicidade.

     Ficar em casa, nesta casa tão boa e tão espaçosa, com tantas coisas para fazer, meus artesanatos, minha vida aqui que faço questão de manter ativa e rica mesmo que o resto lá fora seja tão assustador e muitas vezes indesejável.

    Sim, preciso dizer com todas as letras, porque, mesmo apavorada, já que tenho enfisema pulmonar e acredito que, se vier a contrair essa doença que o COVID 19 causa eu provavelmente vou bater as botas, eu vibrava e vibro ainda, porque estou vivendo como aposentada que desejo ser, podendo planejar meu dia e curtir minhas coisas do meu jeito, sem precisar enfrentamentos diários e mágoas infindáveis das coisas que não tem solução.

    Sim, sinto saudades de tudo na escola. Os alunos, os colegas, os percalços, mas sinceramente, ADORO, AMO ficar em casa, e a única dor neste momento é não poder ajudar aos que estão sofrendo. De resto, este é o meu 43º dia de quarentena, não oficial, e eu estou curtindo cada minuto!