domingo, 4 de agosto de 2013

Mais um semestre…

Agora estou em compasso de espera para o novo semestre que se inicia, tanto na faculdade como nas escolas. Mais dez horas, que aumentam meu salário e o trabalho, também, mas é tranquilo, as crianças são maravilhosas e eu estou feliz até não poder mais… Faço o que gosto, ganho dinheiro para minhas artices e vou por aí estudando de graça porque além de tudo o mais, também consegui bolsa integral pelo PROUNI, já que fiz o ENEM no ano passado e não é que deu certo? O problema maior são as dívidas que estão se acumulando, desde a saída da Caixa, mas, como parece que tenho tido muita sorte, vou com fé em Deus e pé na estrada. Os blogs ficaram meio abandonados enquanto isso, mas estou voltando e tenho certeza de que darei conta de fazer tudo o que me propuser. Preciso parar agora porque tem uma arte que preciso fazer…

domingo, 23 de junho de 2013

Marcha em Itapoá, Marcha no Blog ( Uma Lição)

     Eu estava errada. E não é a primeira vez que erro, nem vai ser a última. Eu estava errada porque pensava que Itapoá não sairia às ruas, pensava que ficaríamos assistindo a tudo em casa, pela televisão.
     Quando travalhava no Correio, eu atendia muitos comerciantes e pequenos empresários, e há anos escutava reclamações sobre a carga de impostos e a quase inviabilidade de se manter um pequeno negócio. Sempre concordei com estas reclamações. Às vezes as conversas se inflamavam e eu sempre tinha de interromper, porque afinal, eu estava atendendo e sempre tinha fila…
     Mas, numa democracia, faz parte reclamar do governo.
     E  vinham as eleições e nada mudava.
    E nesta semana que passou, na anterior, eu achei que Itapoá, onde há tantos comerciantes, pequenos empresários, estudantes e trabalhadores de baixíssima renda, eu pensei, não vai acontecer. Não é um grande centro…
    Porém, como já escrevi anteriormente, agora sou professora da rede municipal, ouvi professores comentando que iriam, o Facebook começou a nos convidar e nossa reivindicação principal é o NÃO À PEC 37
     Chegou dezesseis horas (estava marcada concentração para as dezesseis e trinta na pista de skate, próxima à Prefeitura), e eu ainda estava em dúvida. Achava que talvez encontrasse umas dez, vinte pessoas.
     Acabei indo.
     E foi tão lindo: fomos até a Prefeitura, cantamos o hino, voltamos pela avenida Beira Mar e fomos indo pelo centro (não é o centro, mas é como se fosse) da cidade, até a Câmara de Vereadores, onde cantamos o hino novamente:
Cantando o Hino na frente da Câmara de Vereadores
     Quem estava lá? Os comerciantes, os estudantes, muitos trabalhadores, jovens de todos os tipos, muitas crianças, cachorros (Itapoá tem muitos!), todos pacíficos e alegres, todos unidos e bem educados. Mas gritamos e deixamos nosso recado.
     Aos 49 anos, ainda tenho muito o que aprender. Vi alguns professores, mais do Estado que do Município. E isso não importa, pois quem não está lá, quer o mesmo que nós. Um movimento se faz com ideias. Para ganhar o que se quer, é preciso presença, é claro, mas mesmo o apoio distante fortalece qualquer massa. Eu só queria mais clareza, senti falta de outras reivindicações. Além do NÃO À PEC 37, também gritamos por melhorias na saúde e educação, mas eu queria atenção ao Estatuto do Nascituro, que ninguém menciona, eu queria falar da segurança e dos impostos, eu queria falar tantas coisas… Mas acho que podemos, ainda. É só não perder o foco e não deixar esmorecer o entusiasmo.
     Talvez cem, cento e poucas pessoas, mas foi bonito de ver.
     Dia 26 tem de novo. Quem quiser, pode me encontrar lá!

domingo, 16 de junho de 2013

Dinheiro, violência, dor, diferenças, tristeza–Os Protestos

    Esta postagem deve ser longa. Se você entrou no meu blog, é porque gosta de ler, então se acomode, prepare um café, ou um chá, ou apenas sinta-se confortável porque a discussão vai ser longa.
     À princípio, criei o Polêmico para este tipo de discussão, mas, como este blog está a cada dia ficando mais bonito e exatamente com a minha cara, é aqui mesmo que vou trabalhar este assunto.
     Como já falei na postagem anterior, estou de volta ao trabalho, dando aulas, e por isso tive uma semana corrida. Na quinta-feira, quando cheguei em casa depois de dar aulas o dia inteiro, vim para o computador, e fico de lado para a TV, com ele, por isso, deixei ligado na Globo News enquanto tentava me concentrar no blog, na formatação, nos aprimoramentos, e ao mesmo tempo tentava acrescentar alguma coisa aos meus planos de aula. Mas, como às vezes acontece, ao invés das notícias costumeiras e programas de entrevista da grade do canal, fiquei escutando até aproximadamente às oito e meia, sobre os protestos contra o aumento das passagens de ônibus que estavam acontecendo em tempo real em São Paulo. Aí, desisti de olhar de esguelha, fechei o notebook, preparei dois sanduíches daqueles que eu adoro, com muito queijo e tomate, prensados na minha torradeira caseira (daquelas que ainda se põe sobre o bico do fogão à gás), e sentei-me para acompanhar as imagens, porque há coisas de que não consigo me furtar.
     Antes disso, na semana passada, dia 8 de junho, fiz esta postagem: Bolsa Estupro por causa do e-mail que recebi, já que sou seguidora do Blogueiras Feministas, como você pode ver à direita.
     E o tempo passou, fiquei assistindo aos protestos até cansar, lá pelas onze da noite, quando fui para a cama, a cabeça cheia de angústias e perguntas. Assuntos para o blog, eu pensava enquanto ia adormecendo… Tantos assuntos…
     Agora são 15:30 de uma tarde chuvosa de domingo, fiz os deveres mais urgentes (cozinhar, lavar, etc..), e enquanto os fazia, assistíamos ao filme infantil Robôs, e foi ouvindo o início que veio este insight. Há uma cena em que o Robozinho está recebendo peças usadas pelos primos para ir crescendo, porque seus pais eram trabalhadores pobres e não podiam lhe comprar peças novas…
     E isso me fez voltar à infância.
     É claro que tenho um perfil aqui do blog, que é visível para qualquer visitante, e é claro que um leitor mais curioso já deve ter espiado por ali. Mas este perfil não diz nada.
     A história do robozinho e a minha são muito parecidas. Fui uma criança muito pobre e até meus catorze ou quinze anos, tudo o que eu usava era de segunda mão, das roupas aos livros. Agora, ainda sou muito pobre. Tenho pouquíssimas coisas de valor, mas tenho o que quase todos nós, brasileiros, temos: garra, vontade de vencer, ambição, e, principalmente, esperança.
     Então, o que estou fazendo? Qual a minha intenção, com este título tão diversificado e esta história de pobreza e esperança?
     O trecho seguinte foi copiado do final da postagem: Revivendo:
   Conseguimos, temos um país democrata, somos liberalistas, e continuamos, podemos fazer isso. Crescemos amordaçados, mas nos libertamos e agora podemos experimentar essa maturidade com a certeza de que não vivemos em vão.
  Mas, estou com saudades, uma saudade tremenda daquela época, daquela cidade, daquelas coisas pelas quais ansiávamos, e que às vezes ainda me torturam em sonhos, à noite. Mais amor, mais compreensão, mais atitutes positivas, mais igualdade entre os seres humanos.
    Isto foi escrito há apenas um mês atrás. E é a mais pura verdade, só que agora, muito, muito mais intensa essa saudade de que falei. Agora, moro em Itapoá, uma cidade pequena que não tem espaço nem vontade para bradar contra situações intimidantes. Mas, morei em Porto Alegre, fui petista de carteinha, fui tão petista que ajudamos a derrubar preços de passagens e o governo da cidade. Colocamos Olívio Dutra na prefeitura, e demos tanta força ao Lula naqueles anos de 1989 a 1994… Fui tão ativista quanto poderia ter sido, e sim, sinto saudades.
     O blog ajuda, mas ninguém tem lido. Isto não importa, de verdade. O que importa é escrever, me soltar, dar vazão ao que tem estado trancado dentro de mim por vinte longos, longuíssimos anos.
     O que estes protestos tem em comum com aquela menina de dez, doze anos, que não tinha muito o que vestir? O que esta blogueira tem em comum com os manifestantes nas ruas de São Paulo ou os assinantes da petição que tenta derrubar o Estatuto do Nascituro?
      Calma, eu chego lá, já, já.
    Antes, preciso fazer um desabafo: sei que sou um pouco diferente dos blogueiros que sigo, dos tantos que me chamam atenção. Acho que sei, posso estar errada. A maioria é dos grandes centros do país, Rio, São Paulo… Acho que estes blogueiros são jovens, tão jovens e impetuosos, e os admiro muito por isso. Acredito também que a maioria deles não sofre pelos problemas financeiros que eu sofro. Manter minha banda larga ativa (só temos a operadora Oi aqui na cidade) é árdua tarefa mensal, preciso pegar daqui e dali para que não cortem meu telefone, é luxo!
     E então, foi que me veio a resposta, de que maneira falar de dois assuntos tão importantes ao mesmo tempo!
     Veja as imagens, elas falam por si mesmas, mas, antes, dá uma passadinha neste post do Blogueiras Feministas, e leia. Eu posso esperar.
     Já de volta? Que tal visitar o G1, então, aí:
        Fotos   
Neste link há 69 fotos dos protestos em São Paulo. Veja todas! Esta me impressionou muito:
Leia o relato desta jornalista aqui. Role a página até encontrar e leia!
Leia, também, o comentário do Émerson Veríssimo feito em uma das páginas do G1 sobre os protestos: Tenho nojo da Globo... por que vcs não dizem que a própria polícia tava depredando o carro de polícia? Por que vcs não dizem que os próprios policiais começaram a confusão? A Globo ainda tenta alienar as pessoas mesmo depois da ditadura... tenho nojo de vcs...
Atenção especial às fotos: 38
Palavras de Alkmin: Uma coisa é movimento, tem que ser respeitado, ouvido, dialogado. Outra coisa é vandalismo, é você interromper artérias importantes da cidade, tirar o direito de ir e vir das pessoas, depredar o patrimônio público que é de todos. Isso não é possível, aí é caso de polícia e a polícia tem o dever de garantir a segurança das pessoas”, declarou. - ora, falando como uma antiga manifestante, o movimento só tem força se incomodar e para isso, todos sabem, é preciso fechar artérias, incomodar, quanto à depredação... veja:
foto 47- vemos que a porta já estava anteriormente pichada, coisa normal em qualquer cidade brasileira, então, o argumento de que pichar os ônibus durante o protesto caracteriza manifestação violenta, depredação, não cola!
Não cola mesmo!
Foto 52: a pergunta que não quer calar!
Fotos 54 a 58: Ponto de encontro! Coisa linda!
     Continue pesquisando a seu bel prazer, caso lhe interesse, como eu e muitos outros.
     Por que protestar? O que o título desta postagem tem a ver com estas imagens e essa minha frustração de não estar lá, assim como não estive em Porto Alegre no início de abril, quando os estudantes de lá ganharam? E, também, o Estatuto do Nascituro? Você já sabe do que se trata este Estatuto? Leu o Blogueiras Feministas que eu indiquei?
     Agora vou tentar me explicar:
     Dinheiro: somos um mundo capitalista, sim, e isso nos impulsiona para a frente. Somente quando Lula entendeu que devia fazer parcerias e parar de subestimar o poder do dinheiro, ganhou as eleições. Todos nós só queremos evoluir, e o dinheiro nos permite isso. E o dinheiro está diretamente vinculado ao preço das passagens. Numa cidade como São Paulo, vinte centavos diários fazem uma enorme diferença, principalmente se você toma dois ônibus mais um trem e chega em casa em frangalhos… E a bolsa estupro diz exatamente a que veio: mulheres que irão se conformar com o estupro para receber um dinheirinho… Estupradores que jamais serão presos pois como poderão pagar o auxílio se não puderem trabalhar? Aqui já entrou a violência.
     Dor, diferenças, tristezas… A Música do Belchior já dizia “…apesar de tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, e vivemos, como os nossos pais…”
     Eu estranho. Nos blogues que leio, ninguém reclama de falta de dinheiro. Minha intuição me diz que não é porque o dinheiro não falta a eles. Minha intuição me diz que brasileiro tem vergonha de ser pobre, não gosta de admitir isso, mas eu sei que apesar da inflação controlada, estamos a perigo… O próprio aumento das passagens de São Paulo foi postergado porque teria sido em janeiro, e isso causaria um inflação desproporcional para o período, explicam os economistas. É preciso tomar cuidado, vigiar! Estamos bem, com a inflação sob controle. Mas, gato escaldado tem medo de água quente!
     Por isso, eu queria morar em São Paulo esta semana. Amanhã tem protesto de novo. Passeata, manifestação, encontro e luta. Você vai?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Ensinando

     Se você lembra, há uma postagem de abril em que falei que estava desempregada: esta aqui, e agora, tudo mudou, porque ontem e hoje foram dias mágicos. Na verdade, a semana começou mágica! Foi assim: lá por março, eu tinha mandado meu currículo por e-mail para a prefeitura da minha cidade porque fiquei sabendo que havia falta de professores de artes nas escolas municipais. E fiquei esperando, na certeza de que deveria pelo menos me matricular para conseguir uma das vagas que eram certas lá no início do ano. E esperei ainda mais, porque, desempregada, ficou difícil conseguir o dinheiro para pagar a matrícula, mesmo sendo faculdade à distância, etc…
     E eis que, na sexta-feira, dia 7, fui até Joinville, depois de muito insistir com meu filho e minha nora que precisava me matricular, fiz a bendita matrícula para o curso de Licenciatura em Artes Visuais do curso à distância, e voltei bem feliz para casa. E pensei, agora vou esperar um pouco mais até comprovar minha matrícula junto à prefeitura, para que me chamem como não habilitada.
     E na segunda-feira logo depois do meio-dia ( a prefeitura daqui só funciona até as catorze horas), sem eu ter enviado ainda meu currículo atualizado, a Secretaria de Educação me ligou para ver seu estaria interessada em assumir 20 horas nas escolas do município…
Source: flickr.com via Karen on Pinterest
    O que você acha que eu respondi?
   São seis horas e dezessete minutos desta tarde de sexta-feira, e eu saí de uma turminha de primeiro ano onde hoje, excepcionalmente, substituí uma professora que foi ao médico. Sim, porque desde ontem, dia 13 de junho, sou a nova professora de Artes dos segundos, quartos, quintos e sextos anos de duas escolas de minha cidade.
    Por isto tudo o blog andou um pouco abandonado, mas não totalmente, e aqui estou para contar a novidade.
     Feliz?
     Ah, mas feliz é uma palavra muito pequena para exprimir meus sentimentos.
     Estou Explodindo de Alegria!!!!!!!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Amor da Minha Vida

     Estou digitando o diário, mas acho que já falei nisso, e, coincidentemente, estou numa parte, lá nos meus dezoito anos, em que eu, mesmo casada, sentia atração por outros meninos. Eu tinha um especial, que era uma imagem que eu fazia na minha mente do que seria o homem ideal. Até hoje tenho essa imagem dentro de mim, convivo com ela todos os dias, na medida em que vou envelhecendo e os anos passam, vou reformulando, recriando, aprimorando, tornando ainda mais ideal meu homem ideal.
     Romântica incurável, vou levando minha vida dessa maneira. Enquanto casada, aquela era a máxima traição que eu me permitia. Nunca traí verdadeiramente, nem meu marido nem nenhum dos outros namorados que tive, mas o meu X sempre permanece, o amor da minha vida, o homem que, mesmo eu tendo já quase cinquenta anos, ainda sonho encontrar, ainda procuro pelas ruas, ainda quero para mim.
     E esta postagem é para comemorar a coincidência de eu estar justamente nesta parte do diário às vésperas do dia dos namorados! Esta parte do diário onde eu faço uma revisão de todos os meninos com quem tive envolvimento, de um olhar, um toque de mãos, um beijo na bochecha, um selinho, ou brincadeiras… Ou namoros mais quentes, até conhecer meu noivo e o casamento.
     Que bom ter esse diário para me lembrar de tudo o que vivi. Quando fico sozinha em casa como estou agora, tudo silencioso, sem marido e sem amor, eu sorrio feliz e digo para mim mesma que sim, tenho meu amor… Um sonho, um ideal muitas vezes aperfeiçoado, mas só e todo meu, fiel e companheiro como toda a mulher precisa.
     O amor da minha vida!

sábado, 8 de junho de 2013

Bolsa Estupro

     Pois é, fiquei muito supresa! Quer dizer que depois de tudo o que a gente conseguiu, que ainda é quase nada, tão pouco, na verdade, ainda temos de aguentar e lutar contra mais essa! Era só o que faltava! Se você também é feminista, linke lá e leia a matéria toda, leia e entenda, e participe da luta!

Blogueiras Feministas

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Violência Doméstica: Constatações e Desabafos

     Sábado, fui procurar meu diário porque, sempre, claro, preciso escrever coisas muito íntimas que nos blogs não é possível, até porque os blogs se destinam a discussões que o diário poderá não comportar. Ali, separei os quatro cadernos que escrevi à mão desde meus doze anos, e fiquei lamentando, novamente, todos aqueles textos que derramei por vários anos que se perderam, folhas soltas de cadernos, um caderno perdido e nunca mais recuperado, e o pior de todos, os arquivos que tinha salvado em disquete e que não consegui mais recuperar, lá dos idos anos noventa em diante. Depois disso, fiz a besteira de criar uma senha que não me lembro mais e assim, o Word criptografado levou mais algumas preciosas páginas do meu querido. Mas, imbatível como sempre, estou escrevendo de novo no diário, e vou, outra vez, digitar o antigo para manter esta ordem cronológica que tanto eu prezo, por neurose, por mania, TOC, sei lá…
     Mas, claro, eu tinha de ler alguma coisa, antes, me reencontrar pela milésima vez, e então, ontem à noite, procurei pela parte onde me separei de meu marido e fiquei muito abismada. O diário, que em si já era tão importante, ganhou uma nova dimensão com esta leitura, e eu fiquei olhando para minha letra de quando eu tinha vinte anos e quase sem acreditar, eu li as seguintes frases: Eu já contei que ele anda batendo em mim quando não consegue controlar sua raiva? (29 de abril de 1984). Claro que eu não sou santa e grito com ele, mas ele simplesmente não tem outra maneira de me enfrentar a não ser sendo violento, a não ser soltando um tapa ou um empurrão.
    Eu li e fiquei olhando abismada para o papel, para minha letra, para o que escrevi e no único lugar onde eu nunca menti, onde sempre fui tão sincera, e nem ao menos consegui me emocionar pelo aconteceu há tanto tempo, mas por minha postura quanto a estes fatos desde então.
     Como sempre fui tão feminista, sou feminista e muito inconformada com a situação da mulher em todo o mundo, em geral, meu comportamento sempre foi contrário à violência doméstica, claro, nem preciso mencionar isso, mas lembro como se fosse hoje que eu sempre afirmei que o Beto tinha me batido uma vez, que foi quando nosso casamento realmente acabou, mas está aí, no diário, o relato de várias situações, que não foram tantas e nem sangrentas, mas que nem por isso deixam de ser gravíssimas, e o mais importante, no meu entender, foi minha insistência em negar, meu comportamento de isso é assim mesmo, afinal, eu que era culpada! Pois, não está lá, no trecho citado, Claro que eu não sou santa e grito com ele, como se eu tivesse o dever de ficar calada para aquilo não acontecer…?
     Muitos anos depois, eu tive contato com mulheres que sofriam verdadeira violência doméstica e me gabava de não deixar que homem nenhum me batesse e não aceitar aquela passividade delas. Então, ontem, ao ler aqueles trechos (há um pouco mais, descrevendo nossas brigas), eu percebo como fiquei perto de me comportar como elas, como fiquei tão perigosamente perto de manter aquele casamento e aí, sei lá como teria sido, o que poderia ter acontecido. E digo perigosamente, porque eu mantive o carinho por ele por muito tempo depois, muito tempo…
     Este desabafo precisou vir aqui para o blog, porque, sim, eu sou uma mulher sozinha que vive num país que ainda acha que a violência doméstica é normal. Diariamente posso ver na televisão os casos e mais casos, e a recente lei Maria da Penha veio tarde, tão tarde…
     Eu me preocupo, mas estou feliz, porque não tenho ninguém para me abraçar e amar, mas também não tenho ninguém me controlando, ninguém dizendo como devo me vestir ou me comportar e, mais que isso, não tenho uma mão agressiva e ameaçadora vindo na minha direção se eu ousar infringir as regras!
     Bom dia!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

3096 dias – Natasha Kampush

     Esta resenha me incita, me consome, vem de encontro a anseios há muitos tempos verificados e que, agora, com a leitura da história, vieram à tona desta forma tão premente, que já não consigo descansar enquanto não falar sobre o que li.

     A história é conhecida, eu me lembro de quando assisti à notícia na televisão, em 2006, no Jornal Nacional, acredito, sobre a incrível história de uma menina de dez anos, que havia sido raptada na Áustria, que surge oito anos depois contando como tinha sobrevivido ao encarceramento num porão de uma casa comum, numa zona residencial próxima a Viena. Um porão imundo, escuro, que tinha sido reformado e construído especialmente para abrigá-la, ou a qualquer outra que o louco que a raptou tivesse conseguido capturar.

     Mas, vamos ao livro.

     Foi escrito em parceria, ou seja, Natasha conta a história e Heike Gronemeier e Corinna Milborn, duas escritoras, respectivamente, gosthwriter e jornalista, a transformaram em biografia.

     Não tenho mais informações sobre como se deu este trabalho, mas é inegável que as impressões, os sentimentos, praticamente a alma desta jovem transbordam em todas as páginas, enquanto ela vai narrando os fatos, seus sentimentos antes, durante e depois do cativeiro.

     E é aí que começa o problema.

     O livro é muito bem escrito, tão bem escrito que consegui sentir uma simpatia imensa por todos os percalços que ela vai sofrendo ao longo dos dezoito anos de vida que são narrados. Sim, porque ela faz o relato desde a tenra infância, contando sua relação às vezes conturbada e às vezes muito normal com os pais separados, deixando bem clara a pouca afeição que a mãe parecia sentir por ela e nos indicando, assim, por que as coisas aconteceram como aconteceram. Há também o carinho especial com que ela fala da avó paterna, a figura mais maternal que ela talvez tenha conhecido em sua vida.

     E o problema, com mencionei anteriormente, é que me senti bastante inclinada a pensar como ela, a sentir como ela, enquanto vai nos descrevendo seus dias no cativeiro e a aceitação de sua condição de prisioneira e do caráter indiscutivelmente psicótico de seu algoz. Todo o tempo, ela nega sua condição de sofredora de Síndrome de Estocolmo (maiores informações, clique aqui) e realmente consegue deixar esta impressão de força e segurança. Como leitora sempre crítica, costumo ler abstraindo muito dos sentimentos dos narradores, principalmente em biografias, mas a inteligência de Natasha, seu senso de humor e sua perspicácia, sempre constantes em todo o livro, e que pode-se sentir que vem mesmo dela e não das escritoras contratadas, conseguiram confundir meus sentimentos por diversas vezes.

     Mesmo sabendo o final da história, que ela conseguiu fugir e o sequestrador suicididou-se, não consegui parar de ler e entrei madrugada dentro até chegar ao ponto final e, claro, chorar muito, profundamente comovida. No dia seguinte, ainda muito impressionada, pesquisei na internet e depois de cinco anos vi as imagens do porão e da fachada da casa e assisti a várias entrevistas que ela deu a redes de televisões européias de lá pra cá. Eu terminei de ler o livro pensando que, bem, até que sim, ela poderia ser alguém diferente e tinha mesmo podido sentir algo diferente pelo sequestrador e que nada tem a ver com a Síndrome de Estocolmo, mas à medida que minha manhã passava comecei a questionar aquela insistência dela, durante todo o relato, de se manter afastada do que ela chama de rótulo, e durante a tarde, depois de assistir as imagens desta moça linda, de saber que ela passou a morar sozinha quando saiu do cativeiro e que ainda tem problemas para sair de casa e se relacionar com as pessoas, eu chorei tudo de novo, sentindo um aperto no coração e uma impotência tão superior às minhas forças que daria tudo para apenas poder abraçar essa menina, com amor de mãe, que ela não teve. Eu fico pensando por que, em nome de Deus, a mãe dessa garota permitiu que ela fosse morar sozinha depois de tudo por que passou? Em seu lugar, eu a teria abraçado com minhas asas, que nem são tão grandes assim, e mesmo com ela me chutando e me mandando embora, eu teria ficado e ficado e jamais sairia de perto dela, até vê-la berrar descontrolada que aquele maldito era o pior de todos os malditos desse mundo e que graças a Deus ele se matou, e depois, só depois disso, eu sairia de perto, mas antes, eu sugeriria a ela que saísse um pouco de Viena, pois ela tem algum dinheiro. Que viajasse, conhecesse lugares bonitos e apreciasse a vida.

     Sim, é impossível, se o leitor for alguém assim sensível como eu, separar a leitura desta história da imagem daquela moça linda, linda, e que fica comedida, dentro da sua própria prisão, falando frases tão calmas que só parecem cada vez mais aprisionando sua alma.

     De resto, como falei antes, o livro é muito bom. A história dela é que machuca muito, porque somos todos tão… incapazes!

terça-feira, 28 de maio de 2013

Uma Semana Produtiva

     Desde sexta-feira retrasada até sexta-feira passada, ou seja, toda a semana, fiquei envolvida numa sequência ininterrupta de formatar e reformatar meu notebook devido a um vírus que se instalou e que não consegui retirar completamente. Acabei usando alguns artifícios que estão nos mantendo, a mim e aos meus blogs, livros, leituras, aparentemente ao largo deste transtorno. Não parece ser um vírus muito nocivo, mas cria atalhos indesejados e anteriormente estava me direcionando a uma página também indesejada ao invés do meu amado tio Google, como sempre me refiro a ele. Se não sabemos alguma coisa, eu digo para o Yuri e a Paula, procuremos no tio Google e ele terá a resposta, assim como antigamente procurávamos no Amansa Burros (apelido carinhoso que dávamos aos dicionários quando eu tinha uns vinte anos), os Manuéis (outro apelido para citar o Manuais!) jornais, bibliotecas, amigos, vizinhos. Esta é a vantagem do Google, ele está sempre aí, desde que, é claro, tenhamos um computador conectado à internet! E pronto, resolvido, certamente se o nosso computador consegue se manter longe daquela tal página criada pelo nerd hacker que maliciosamente (e este cara em especial deve ser muito patriota)se infiltra em nosso domínio e nos faz ver o que não desejamos, neste caso uma bandeira do Brasil! Mas, problemas resolvidos, volto às postagens, à escrita da continuação de Filhos das Pedras que se chama Filhos das Águas, e vou procurando na internet uma maneira simples e barata de ler, porque, como já informei anteriormente, estou desempregada. E aí, o que descubro com o meu amado tio Google, nesta minha insaciável busca por leitura? Veja aí, deleite-se como eu, é tudo de graça!
     É simplesmente maravilhoso, porque além de ler online, você também pode escolher baixar os que quiser guardar consigo. Não conheço o autor do blog, fui sendo conduzida até ele através de uma busca pelo Scoob (Comunidade de Leitores do Brasil), similar à GoodReads americana, e o mais legal deste blog, onde ele nos disponibiliza tantos títulos, é que há desde clássicos como romances açucarados e os que eu mais quero ler agora: Ficção Científica.
    Se você gosta de Vampiros, coisas assim meio Dark, tem lá também. Se você é aficcionado por leitura como eu, não deixe de espiar.
     Ah, e se o início do meu post lhe deixou preocupado, desencane. Tenho em casa um PC (é do meu filho) que se segura muito melhor que meu note quanto a estas questões virais, e um HD externo aparentemente imune que comporta qualquer coisa que nós queiramos, então, não perdi muita coisa, só algumas fotos.
     Esta foi a boa notícia depois do pesadelo! Já li três livros, o primeiro, 3096 dias, a biografia de Natasha Kampush, aquela menina de dez anos, austríaca, que passou oito anos trancada num porão da casa do sequestrador e lançou sua história no ano passado, em livro. Sobre este livro vou fazer uma resenha detalhada porque fiquei muito mexida.
     O segundo, de autor brasileiro que eu não conhecia, André Vianco, A Casa, que achei muito bem escrito e suspeito que ele seja da linha espírita, pelo conteúdo, mas, assim mesmo, acabei chorando no final…
     E o segundo, que ADOREI porque ele nos faz acreditar que poderia ser uma conversa verdadeira, e tem uma maneira inteligente de escrever que me transportou… Gosto quando leio algo assim tão inteligente, consigo compartilhar e a leitura vai ficando cada vez mais gostosa. Como quanto o personagem se transforma ao tomar vinho, achei delicioso. Ponto negativo para o final: Continua… Detestei isso, e a segunda parte recentemente está sendo lançada no Brasil. Trata-se de @mor, de Daniel Glattauer, um escritor austríaco, por coincidência, então me redimi um pouco com o povo daquele país.
     Bem, fico por aqui e prometo que a resenha virá em breve.
     E, só pra ficar registrado: Filhos das Águas tá ficando lindo!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Publicado!

Aí está, depois de quase dois meses redigitando e acertando a formatação para que fosse transformado num apresentável Ebook para Kindle, está publicado e esperando para ser lido no site da Amazon o meu queridinho. Quando o escrevi, em 1994, jamais pensei que minha vida mudaria tão drásticamente. Passei por muitas dificuldades no ano seguinte, 95, quando minha avó foi internada no dia de ano novo, de 95 para 96, e nunca mais voltou para casa. Eu escrevi este livro entre abril e junho de 94, passei todo o ano de 95 sonhando em como fazer para publicá-lo, porque, de tantas outras coisas que escrevi, este foi o único que realmente considerei pronto para ir para a rua, como um filho a quem a gente vai mostrando o caminho certo. Mas, como a saúde da minha avó não estava legal, o ano passou entre aquela preocupação e as minhas, que estava muito doente também, mas não sabia. Estava infeliz, muito frustrada, e sem conseguir impedir minha vida de tomar o rumo que estava tomando, mãe solteira, infeliz no amor e nem era pelo pai da minha criança, sofria por outro que nunca me deu o valor que mereço. Naquela época, aos trinta e dois anos, eu sabia que o amor existe, ainda hoje acredito nisso, mas eu sabia que para mim as coisas seriam mais difíceis. E, apesar disso, escrevi, continuei escrevendo porque era o que de melhor eu sabia fazer.
Quando minha vó se foi e eu fiquei realmente sozinha, pensei, que diabos, agora vai. Eu já tinha procurado pelo editor, que era um prestador de serviços, hoje sei a diferença entre uma Editora e uma Prestadora de Serviços, apesar de ambas terem a mesma designação. Mas não se assuste, guardei muito carinho pelo Rossyr (você pode ver a apreciação dele na segunda orelha aí: Apreciação do Rossyr), apesar da minha decepção ao descobrir que a divulgação e inclusive a introdução dos livros nas livrarias ficaria por minha conta. Acho que foi aí que pirei, fiquei mesmo muito doente. E nem posso reclamar, sempre era assim, naquele tempo, fazia as coisas sem pensar nas consequências e não aprofundava as situações, só pagava para ver. O livro vendeu muito bem na noite de autógrafos e depois ficou encalhado na minha casa, mas apenas porque ninguém sabia de sua existência. Depois, quando abandonei tudo e carreguei filho e malas pelas estradas até chegar a Florinanópolis, o livro ficando em casa de amigos que o guardaram para mim, eu tinha comigo alguns exemplares que fui vendendo para sobreviver…
Acabei ficando com apenas dois, e eles estão feios, coitadinhos, tão velhinhos. Mas eu fiz isso, acabei de fazer. Para isso, tive de reler inteiro, redigitar por vezes se transformou numa verdadeira tortura, e eu competindo com a imensa vontade de fazer a continuação da história. Alguns acham que devo continuar, outros não, e eu ainda não tenho certeza, mas às vezes os personagens me pedem que o faça…
Então, para finalizar está lá, no site do Amazon, e você só precisa ter uma cartão de crédito válido para criar sua conta e procurar por qualquer livro do Kindle. Você pode também baixar o aplicativo grátis do Kindle (tanto para PC como para Windows 8 e qualquer outro dispositivo) e dar uma espiada grátis no meu romance, uma degustação (no lado direito da página, logo abaixo de Compre agora com um clique, tem Amostra Grátis. Se gostar, você compra e eu vou, devagarinho, poder continuar escrevendo. Meu livro você encontra clicando aí:
Filhos das Pedras

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Revivendo

http://www.youtube.com/watch?v=33D4y1upoBk
O Link remete ao vídeo gravado ao vivo por alguém que eu desconheço, no You Tube,

Legião Urbana – Ao Vivo em Porto Alegre 1990 – Show Quatro Estações

que, é claro, eu poderia ter ido procurar de propósito por lá, mas aconteceu por acaso, porque eu estava revisando Filhos das Pedras, e fui procurar por Bailei na Curva, uma peça que fez muito sucesso em Porto Alegre e cuja música de encerramento, Horizontes, cantada por Elaine Geissler, faz parte do passado da personagem principal, assim como faz parte da minha vida. E assim, de um vídeo a outro porque no You Tube é bastante fácil, vendo imagens de Porto Alegre, caí nesse vídeo, mas mergulhei bem fundo, mesmo, porque posso reconhecer meus gritos lá fundo, aos vinte e oito anos e tão fã daquela banda que não podia passar um dia sem escutar suas músicas, levava comigo (na época era walkman, mesmo, não existia Ipod, sequer MP3!) na moto, ia para o trabalho cantando suas músicas, fazia parte da minha rotina, eu não conseguia existir sem Legião Urbana. Foi bem mais que uma febre, foi um estilo de vida.

Fiquei grávida em 1990, e Pais e Filhos fazia muito sucesso naquele ano. Eu sou fã da Legião desde 1984, comecei ouvindo Por Enquanto, Soldados, Índios, e nunca mais parei, eu gravava as músicas em fitas cassetes das transmissões das rádios, uma em especial, que tinha uma programação noturna quase sem comerciais, e as gravações ficavam perfeitas. É, naquela época já se podia piratear mesmo sem internet, e apesar de ter pouco dinheiro, eu guardava para comprar os LPs, tive o primeiro, cuja capa é toda branca com uma foto dos quatro e o Dois, e o tempo passou, com o advento da internet e minha pobreza mais intensa, me desfiz dos LPs, entre eles muitos outros, de outras bandas que eu amava, mas as músicas estão aí para sempre, e de repente, eu encontro esse vídeo aí no You Tube, e me voltam lembranças tão intensas que eu fico pasma, olhando e ouvindo meus berros, pois reconheço minha voz, me transporto de volta àquele ano, naquele momento, sei bem o lugar onde eu estava ao lado do pai do meu filho, que não vejo há mais de doze anos. Eu estava com cinco meses de gravidez naquela época, e fomos ao show na minha moto, eu dirigindo, jogando a barriga para cima do tanque de gasolina como sempre fazia, até o oitavo mês. Porto Alegre fervilhava naquele ano, todo o país fervilhava naquele ano, tínhamos passado por Collor, nós, petistas, depois da derrota tão frustrante de Lula, ainda tinhamos motivos para lutar, e as músicas da Legião só acrescentavam, em tudo, por tudo, na minha vida e na vida das pessoas que me cercavam.

Agora, assistindo ao show, percebo mais claramante o que Renato Russo disse naquela noite, e tenho 49 anos, acabo de ver a notícia (foi ontem) em que o nosso Conselho Nacional de Justiça determinou a obrigação dos cartórios reverterem as uniões homoafetivas em Casamento! Vejo Renato com sua camiseta onde havia um desenho de um triângulo rosa, e ele faz menção às coisas que estavam acontecendo na Europa (não sei, talvez o neonazismo ou coisa que o valha), que tomássemos cuidado…

O show ainda tem a música Será, mas que pena, Renato Russo não teve tempo de ver a transformação do nosso mundo. Não está perfeito, nem de longe o que sonhamos, mas eu saio dessa funda nostalgia onde me enfiei desde que o show começou (dura quase duas horas), e estou aliviada, tenho certeza de que a nossa geração, calada, na surdina, emudecida por tantos que tinham maior voz ou melhores condições de se expressar, realmente sabia o que queria, onde deveríamos chegar. Fomos nós, como público, que realmente mudamos este país.

Conseguimos, temos um país democrata, somos liberalistas, e continuamos, podemos fazer isso. Crescemos amordaçados, mas nos libertamos e agora podemos experimentar essa maturidade com a certeza de que não vivemos em vão.

Mas, estou com saudades, uma saudade tremenda daquela época, daquela cidade, daquelas coisas pelas quais ansiávamos, e que às vezes ainda me torturam em sonhos, à noite. Mais amor, mais compreensão, mais atitutes positivas, mas igualdade entre os seres humanos.

Achei muito interessante

Estive lendo este artigo na Publishnews e achei o artigo muito interessante, para quem se interessa verdadeiramente por literatura e como as coisas funcionam neste mercado tão fechado em nosso país. Siga o link:
http://www.publishnews.com.br/telas/colunas/detalhes.aspx?id=73091 

sábado, 11 de maio de 2013

Um livro novo e bom, pra variar!

    

     Estava assistindo Globo News Literatura, esta manhã, e fui apresentada à Betty Milan e seu mais recente livro: Carta ao Filho. Ao mesmo tempo em que assistia à entrevista, bem curta, acessei o site dela e tive a grata surpresa de poder baixar o primeiro capítulo do livro, que, diga-se de passagem, vem bem a calhar nesta véspera do dia das mães.

     Eu simplesmente adorei e vou comprar o ebook assim que tiver algum dinheirinho sobrando. Veja lá, o primeiro capítulo é gratuito:

Carta ao Filho

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mente Vazia


     A cadeira está ali, bem na minha frente, feito cadeira, mesmo. Cadeira vazia.
    E o abobalhado líder da aula, falando e falando, apresentando o seu trabalho, louco por uma boa nota.
    Lá atrás outro imbecil com os olhos fitos em mim, ansioso por um olhar meu. Não vou olhar.
   E o mestre conversando com o líder, o resto deles quietos, fingindo compenetração, quando suas mentes pensam nos namorados, na maconha esperando lá fora, a moto quebrada...
     E eu escrevendo, fugindo e fingindo. Ele não vai ler, ei sei que não vai. Ele não gosta de ler o que eu escrevo. Até mesmo se eu pedir, mas eu não peço nunca mais. Vou esconder tudo, vou proibir.
     Besteira, depois eu peço, eu sei. E ele promete que lê na primeira folga que tiver e esquece.
     Mas eu esqueço também. Ele é mais importante dizendo que me ama do que lendo minhas frases bobas.
     Vou voltar pra casa e amá-lo com vontade.
     Na minha casa não há cadeiras vazias, porque não há cadeiras.
     A cadeira continua ali, bem na minha frente, feito cadeira, mesmo. Cadeira vazia, mente vazia. Ele não lê, o outro me olha, ansioso, o líder repete as mesmas palavras, o professor comenta sua excelente atuação, e eu escrevo bobagens.
     Mente vazia, ele não lê.


18/06/80


     Achei importante postar este texto, tão antigo, porque é muito ilustrativo a respeito do meu casamento. Este texto foi escrito exatamente um mês e nove dias depois do casamento.

Uma página de diário atual



Uma página de diário atual


Sexta feira, 26 de abril de 2013
     Estou no estacionamento da Univille, vim trazer o Yuri e a Paula pois, como hoje é feriado em Itapoá, só haveria dois ônibus e eles não queriam arriscar chegar em casa à uma da manhã, então eu vim estou aqui, no carro, porque está frio e minha cabeça está doendo.
     Céus, como estou precisando de um amigo... E sei que escrever no diário não ajuda, mas não tenho outra opção. Só tenho o Yuri e a Paula como companhias, e eles não suprem minhas necessidades de conversar. Faz tanto tempo que não tenho um amigo de verdade que às vezes me pergunto como consigo sobreviver, assim. Quando estava no Correio eu até tinha com quem conversar, desabafava alguns problemas com os colegas, porque era diariamente, mas para fazer confidências reais não tinha, e isso tem durado muito tempo. Eu me peguei em casa, desempregada de novo, olhando para as paredes, escrevendo, sonhando, cuidando da casa e tão, mas tão solitária. E não tenho idade para isso, mais, estou bem num beco sem saída. O que me salva é a redescoberta do prazer de escrever e a internet, mas estou tão cheia de problemas, tantas dívidas que não faço a mínima ideia de como vou pagar, que não está fácil manter a abstração que é necessária para realizar os projetos que me determinei, que é publicar o Filhos das Pedras para Kindle, no site da Amazon, escrever o segundo volume, arrumar meu blog para ser o carro-chefe da divulgação, e continuar aprendendo...
     Eu preciso encontrar algum amigo que tenha tempo para ouvir minhas confidências, em quem eu confie, eu preciso sair desse marasmo, pois estou facilmente me entristecendo e eu não quero mais viver triste.
     Aqui, no estacionamento, eu descubro que não precisava ter sido assim, mas, também, estou feliz. Só sendo assim para eu dar valor a este momento. Nem tudo é tão triste, afinal, o Yuri está aí dentro, é professor, já dá aulas, eu fiz meu dever, por bem ou por mal, ele está criado. Não sou tão poderosa que precise tomar as rédeas de tudo, não posso ficar no controle o tempo todo. Só preciso dar um rumo para minha vida, porque a presença da Paula me lembra o tempo todo que daqui a pouco, eu vou estar sobrando um pouco mais!

                                                                                                                                                                     Céia

terça-feira, 7 de maio de 2013

Revisão

Fiz uma postagem no outro blog, Polêmico http://dascordo.blogspot.com, em 05 de maio, sobre minhas impressões de 50 tons de cinza, mas não quero continuar o assunto aqui. Desta vez vim falar sobre algo mais sério que esse livro bobo, mas, veja, foi esse livro bobo que me fez o assunto voltar à baila. O feminismo. E fiquei aqui como boba olhando para essa tela em branco, querendo retirar de dentro de mim aquelas velhas e remexidas sensações de que não sou suficientemente valorizada, que me sinto muitas vezes um mero objeto, e coisas e tais. Mas não tenho tanta sagacidade, neste momento, então, começo a visitar a net, para variar, em busca de inspiração, e o que encontro? Esse site:
Dou uma lida, pesquiso um pouquinho. Então tá, é isso, altamente recomendado, já sou fã. Especialmente o sensível post Para falar fora da caixa. Procure. Eu gostei. Me curou do mal estar que o livro me passou. Eu, que sou tão romântica. Estou ainda meia chocada com isso que chamam literatura… Talvez eu seja conservadora demais, não sei, mas me pergunto constantemente por que a autora colocou a personagem principal como Sub, pra variar não podia ser ela a dominante? Dizem que no terceiro livro ela se transforma, mas eu acho que é um apelo de marketing muito além da minha capacidade de aturar sua leitura.
Eu preciso mesmo de mais inteligência.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Esclarecimentos

Preciso explicar algumas coisas, então vamos lá, rapidamente, para não cansar...
Estou revisando este blog para deixá-lo como quero, e isso vai levar algum tempo, mas não o abandonei... A respeito das postagens da história "Um jogo só para feras", resolvi que não vou postar a história no blog, e sim os links na página Meus Escritos, assim, quem desejar ler pode baixar sem problemas, e o este blog fica mais leve.
Como estou verificando a pouca acessibilidade aqui, e espero que isso mude com o tempo, estou até aliviada, pois isso me proporciona mais tempo para organizar e escolher os textos que quero ver aqui, pois ainda tenho muitos...
Por fim, as Crônicas, em sua referida página, ainda não foram escritas, são tantas as que quero escrever e o blog está me tomando muito tempo. Mas vou conseguir o quanto antes, espero.
Por enquanto era isso.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma história para você acompanhar…


Estou escrevendo essa história, que está quase pronta na minha cabeça, e vou disponibizá-la para vocês na medida em que for sendo escrita.  Em cada postagem, vou fazer upload para o 4shared, também, se você quiser baixar. O link desse primeiro trecho está aqui:
          http://www.4shared.com/file/Jp3Du0fq/Um_jogo_s_para_feras.html

         
          Aqui você tem a opção para ler de maneira mais fluida:
          Dois capítulos

domingo, 21 de abril de 2013

Primeira história para o blog



Um jogo só para feras
Editora Sonhos Ltda
21/4/2013

                                                          
UM JOGO SÓ PARA FERAS
           
image
 
I
O abandono de uma companheira
 
         Shlev entrou em sua sala, e como sempre a porta deslizou suavemente, fazendo um ruído quase inaudível. Mas Combo não estava para brincadeiras, não quis saber de nada e continuou com a mão nos controles. Lá fora, o espaço continuava imutável e silencioso, aqui e ali algumas estrelas piscavam mais intensamente que outras, e nessa noite, especialmente, não havia cometas ou qualquer outra distração mais oportuna. Ah, o que Combo não daria por uma diversão, qualquer coisa que o tirasse daquele enjoo de ver sempre as mesmas coisas, fazer sempre a mesma coisas, todos os dias... Que saco, já era tempo de alguma coisa acontecer.
         - Comandante...
         - Eu disse que não queria ser incomodado.
         Mas eram amigos. Mais que comandante e tenente, eram quase irmãos. Combo nem se deu ao trabalho de virar para trás e olhar nos olhos de Shlev. Este, por sua vez, sentou-se na poltrona a seu lado, regulou alguns comandos no painel, pigarreou e voltou a falar:
         - Diandra está lá embaixo.
         - Eu disse a ela que estava proibida de ir. Não devemos nos arriscar, não sabemos o que há lá embaixo.
         - Há manifestantes querendo subir à nave, Combo. Temos de decidir o que fazer.
         - Manifestantes, só me faltava essa. – ele levantou-se, furioso, cansado, a mente embotada por tantos anos de espaço. Se pudesse ir para casa...
         Shlev levantou-se também, os dois aproximaram-se da porta que tornou a deslizar para o lado com suavidade, e saíram para o corredor. Mas não conseguiram chegar ao final deste, pois ouviram os disparos das armas dos manifestantes e a rápida reação da tripulação.
         - O-ou, tarde demais... – disse Combo, sacando sua pistola laser e correndo para a ponta do corredor, escondendo-se e atirando, aos mesmo tempo em que tentava tomar ciência da situação. O hangar de pouso, ao final do corredor, estava tomada de manifestantes do planeta Cluster (Esse não era o nome do planeta, fora assim denominado por humanos. Levaria mais de duzentos anos para a humanidade descobrir seu nome verdadeiro) atirando para todos os lados e tentando danificar o maior número possível de naves.
         Combo revidou, mas percebeu que seria impossível, os manifestantes estavam em grande número, já pudera ver quatro companheiros feridos gravemente, e ele não podia se dar ao luxo de perder mais ninguém de sua tripulação. Fez um gesto apressado para Shlev, ordenando que voltasse à ponte de comando e fizesse os preparativos para zarparem.
         - Mas Diandra está lá embaixo.
         - Teremos de deixa-la, não existe outra opção.
         - Não podemos deixá-la, Combo, nós a amamos...
         Era verdade. Os dois a amavam por suas inúmeras qualidades. Ela não se decidia, talvez porque amasse os dois, também, mas a questão agora era a própria sobrevivência.
         - Temos de deixá-la, ou morreremos todos. – ele esperou ver Shlev mover-se, mas o amigo permaneceu onde estava. Então, precisou agir como comandante, enquanto continuava disparando sua arma quase às cegas:
         - Vá para a ponte, capitão Shlev. Isso é uma ordem!
         Shlev ainda titubeou um pouco, incerto, mas reconhecia que não lhe havia outra coisa a fazer. Caminhou resoluto para a ponte de comando, relatando a situação aos integrantes da tripulação, dizendo que partiriam assim que conseguissem, e todos começaram os procedimentos para zarpar.
         Shlev concentrou-se no espaço lá fora. Dali, diferente da sala de Combo, se podia ver as naves rápidas dos manifestantes circundando a nave humana, despejando mais criaturas para dentro dela lá embaixo, no hangar.
         Lá embaixo, bem distante para se distinguir qualquer coisa viva, o planeta Cluster, com sua atmosfera muito parecida à da Terra, nesta dimensão tão diversa e estranha, onde Diandra agora estaria sozinha. Shlev sabia que nunca poderiam voltar para buscá-la.
-Ah, Diandra, eu sinto muito. Me perdoe. Nos perdoe a todos.
 
Jocélia
Jocélia Teles dos Santos