quarta-feira, 5 de outubro de 2016

BULLYING

     Este post é importantíssimo e sugiro que todos leiam a reportagem antes, é fácil, só clicar no link e será levado até lá. Aproveito o ensejo para explicar porque isto é tão mais comum do que se pensa e não acontece só na França ou na Europa, ou na América do Norte. Ninguém fala sobre esta questão, mas eu, desde muito pequena, sofria bullying quando este termo nem era conhecido. Falam agora sobre esta questão, mas falam apenas socialmente, moralmente, didaticamente, e ninguém vai ao âmago da questão. O que o bullying escolar ou o ciberbullying tem a ver com a questão que vou apresentar? A falta de conhecimento e a falta de estrutura social. E já vamos pensar sobre isto.
    O bullying que eu sofria não terminou, só que agora, por eu ser mais velha e teoricamente conseguir suportar, chamamos de preconceito, ou, quando mais grave, ódio. Ainda sofro todo o tipo de assédio moral e intelectual possível, principalmente agora que me assumi como descrente, definitivamente. Toda a literatura difundida pelo mundo, tanto a didática como a ficcional (a segunda, posso dizer que nem toda, mas grande parte, sim), tem como sustentáculo as obras consideradas sagradas: bíblia, torá e alcorão. Desta maneira, uma pessoa que busque respostas, que leia muito (o caso da menina e o meu) e que não se satisfaça com o que encontra o tempo inteiro, não achará outro caminho a não ser o isolamento, porque a discriminação e o preconceito são muito fortes. E não apenas por causa de religião, mas como sustentar moralidade se reafirmam indefinidamente que uma está diretamente ligada à outra? Há, sim, como ser moral e eticamente correto sem nos reportarmos à religião.
       Mesmo agora, que assumidamente me coloco como ateia (palavra que detesto, porque não é o que eu sinto, é o que a sociedade erigida sobre as obras citadas impõe), invariavelmente o que encontro são pessoas, também descrentes, contestando, criticando e lançando mão de humor, mas sempre citando tais textos, como se este fosse o único caminho possível para a desconversão.  Ou seja, até mesmo para contestar a fé precisam se valer de textos que fomentam a fé, a fim de sustentar a própria opinião.
     Somente quando entendermos que nosso conhecimento intelectual foi e vem sendo desenvolvido por pessoas que usavam a bíblia, o torá e o alcorão para raciocinar e elaborar importantes teorias, poderemos nos situar além e acima destes, e usar outros pensamentos, outras vertentes, mais céticas e verdadeiramente racionais, que nos darão estrutura e nos proporcionarão a verdadeira liberdade de pensamento. Enquanto difundirmos, para elogiar ou para criticar tais obras sagradas, simplesmente estaremos repetindo mais do mesmo, indefinidamente.
     Por isto, como cética, não gosto de ver reproduções de textos bíblicos, da torá ou do alcorão, dentro ou fora da escola, dentro ou fora dos meios acadêmicos, nem para criticar, nem para elogiar e enaltecer. Será que, em mais de 6 mil anos de história escrita, é só isto o que temos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quero saber o que você pensa...